Consulta PEDIÁTRICA pré-natal

Com a notícia da gestação um turbilhão de emoções envolve os futuros papais. Muitas coisas para providenciar, arrumar, estudar, entender. Muito se pesquisa e com carinho se prepara o enxoval, o quartinho, o cantinho de dormir. Da mesma forma é importante buscar informações sobre o que esperar dessa nova rotina que está por vir. Vale escutar os amigos e familiares que já passaram por essa experiência de receber um bebê em casa ou ler depoimentos na internet, mas é imprescindível também conversar com um pediatra, a chamada consulta pediátrica pré-natal. 

Esta consulta é um momento importante para que o pediatra possa:

- identificar possíveis fatores de risco gestacionais ou familiares, fornecendo orientações de promoção à saúde direcionadas para cada caso;

- conversar sobre planos de parto e rotinas na sala de parto e maternidade até a alta;

-  discutir sobre os exames de triagem que devem ser realizados;

-  explicar sobre as primeiras vacinas;

-  abordar técnica e possíveis dificuldades do aleitamento materno;

-  conversar sobre puerpério e rede de apoio;

-  discutir rotinas e cuidados com o bebê recém-nascido ao chegar em casa;

-  orientar sobre medidas de segurança e prevenção de acidentes;
- programar consultas pediátricas após o nascimento

Não é incomum papais que chegam na primeira consulta, já com o bebê no colo, um pouco assustados ao perceberem que prepararam o ambiente durante meses, mas não se prepararam para as mudanças que estavam por vir. O objetivo dessa consulta é contribuir para que se sintam seguros e apoiados desde o início. Um momento muito especial para esclarecer todas as dúvidas e auxiliar esses papais em formação a serem competentes cuidadores.

Há milhões de maneiras ótimas de criar os bebês

“A única pessoa que sabe – sem saber que sabe – é a mãe. Por isso, a principal contribuição que podemos lhe dar consiste em ajudá-la a avaliar suas necessidades e sua intuição, para tomar decisões com respeito à criação de seu bebê. Há milhões de maneiras ótimas de criar os bebês, tantas quanto há mães no mundo, desde que as adotem com total sinceridade em relação a elas próprias. ” Laura Gutman

Ajudar na formação de um indivíduo talvez seja a tarefa mais desafiadora que já recebemos. Não há um só caminho, uma única forma correta. Não há certo ou errado. Todos tentamos fazer da melhor maneira, de acordo com o que acreditamos. Primeiro, é importante buscar informação para que possamos fazer as melhores escolhas, sem medo de questionar, sem medo de mudar. Segundo, profissionais capacitados devem oferecer apoio aos pais para que sejam tomadas decisões que promovam saúde, mas que sejam individualizadas e adaptadas a cada realidade familiar. A escolha final deve ser sempre dos pais ou cuidadores. Terceiro, destaco a importância de cada mãe desacelerar um pouco a vida lá fora para enxergar seu pequeno, sentir o cheiro, ouvir o choro, sentir o calor, o gosto... se conectar de volta a seus instintos... para aprender a confiar em sua intuição, confiar em si mesma, com menos medo, menos culpa, menos terceirização! Não há mãe perfeita! Há mãe. E isso já é perfeito! Quando lembramos das nossas mães, de certo que o que vem à mente são os abraços. Sejamos mães cheias de abraços e estaremos na direção certa.

Os primeiros 1000 dias de vida

Os primeiros mil dias de vida incluem os 270 dias da gestação, 365 dias do primeiro ano e 365 dias do segundo ano de vida. Mas por que esse período é tão importante? Observa-se que nesta fase pequenas atitudes podem ter um impacto enorme no futuro desse indivíduo. É, portanto, uma janela de oportunidades para os pais implantarem hábitos saudáveis, que potencializam genes promotores da saúde e suprimem genes promotores de doenças. Para aproveitar essa chance, os pais e cuidadores precisam se informar, conhecer o que é realmente saudável e indicado para cada faixa etária, quebrar tabus, não apenas seguir reproduzindo o que vinha sendo feito sem conhecimento. Não vale o "fui criado assim e sobrevivi", pois desejamos que nossos filhos possam muito mais do que "sobreviver".

Alguns aspectos e cuidados durante o período gestacional, como ganho de peso em excesso ou insuficiente, tabagismo, consumo de álcool, controle de doenças crônicas e infecciosas maternas são de extrema importância, portanto um pré-natal cuidadoso trará grandes repercussões para este ser em formação. Um bebê que sofreu restrição durante o útero, por exemplo, e nasce abaixo do peso pode ter recebido uma mensagem para sua memória celular de que deverá seguir a vida acumulando o máximo de tecido de reserva gorduroso para sobreviver. Da mesma forma, um bebê que nasce acima do peso terá impacto em sua programação celular. Hoje sabe-se também que a via de parto pode contribuir para aspectos de saúde e doença, por influenciar na microbiota intestinal do bebê, o que tem relação com o desenvolvimento de alergias e da função intestinal.

Nos primeiros 2 anos de vida, o aleitamento materno possui um destaque importante para a prevenção de obesidade e doenças crônicas no futuro deste bebê, dentre outros muitos benefícios. Na sequência, a introdução alimentar saudável, com um suporte nutricional adequado quantitativo e qualitativo, contribui para promoção de saúde, prevenção de doenças, estímulo ao desenvolvimento de um paladar para alimentos apropriados e implantação de hábitos de vida saudáveis. O seguimento regular com o pediatra deve ser realizado para esclarecimentos e orientações. É importante destacar o carinho e o respeito a esse ser em formação, pois a criança que se sente amada, apoiada e segura pode desenvolver suas capacidades e habilidades em plenitude. Muitos pais querem saber o que fazer para estimular o desenvolvimento de seus bebês, e a primeira resposta é: ama-los!

No período da gestação e dos 2 primeiros anos de vida, os pais têm uma oportunidade rara de influenciar o desenvolvimento de seu bebê. O acesso a informações atualizadas e o estímulo a hábitos saudáveis desde o início da vida pode apresentar um impacto enorme para o futuro da humanidade.