Vamos conversar sobre
amamentação. Para começar, em vez de falar sobre técnicas, horários, posições e
mamilos, vamos falar sobre AMOR. Neste texto destaco algumas passagens do livro
“A Maternidade e o encontro com a própria sombra”, de Laura Gutman, que penso
poderem AJUDAR AS MAMÃES NOS PRIMEIROS MESES DA MATERNIDADE, frases que devem
ser lidas e relidas algumas vezes!
No processo da amamentação diversos fatores
são importantes, eu diria que o primeiro deles é a CONFIANÇA em si mesma que a
mãe precisa desenvolver e amadurecer. ORIENTAÇÃO e TÉCNICA são fundamentais sim, mas
nada disso é suficiente se não for recheada de muita PACIÊNCIA e PERSEVERANÇA. Alguns
bebês nascem “gulosos” ou com muita necessidade de sucção. É cansativo, às vezes
exaustivo, e não há fórmula mágica. Se há um conselho, este seria: esqueça o
mundo lá fora neste momento, dedique esses primeiros meses para observar e conhecer
este bebê que você recebeu, pois só assim conseguirão se entender. Recebo mães
ansiosas, em busca de opiniões, regras e condutas que a salvem. Mas não há
outro caminho que não passe pela doação completa e total entrega a este pequeno
ser. As palavras-chave, repito, são paciência e perseverança. A grande
orientação que faz a diferença para o sucesso da amamentação é uma só: deixe no
seio todo o tempo, enquanto for necessário. Vamos lá para as reflexões!!
“Quando o bebê nasce, o reflexo
de sucção é muito intenso. Como as palavras indicam, ele age sob o reflexo de
procurar, encontrar e sugar o peito materno. Para isso, SÓ É PRECISO QUE O BEBÊ
FIQUE PERTO DO PEITO. MUITO TEMPO. TODO O TEMPO. Porque o estímulo é o corpo da
mãe, o cheiro, o tom, o ritmo cardíaco, o calor, a voz, enfim, tudo o que ele
conhece... Como nas relações amorosas – e trata-se disso-, precisamos de tempo
e privacidade.”
“Para dar de mamar, as mulheres deveriam passar quase todo o
tempo nuas, sem largar sua cria, IMERSAS EM UM TEMPO FORA DO TEMPO, sem
intelecto nem elaboração de pensamentos, sem a necessidade de se defender de
nada nem de ninguém, mas tão somente abstraídas em um espaço imaginário e
invisível aos demais...É estarmos soltas, poderosas, famintas... Muito
semelhantes às mamíferas de outras espécies em seu total apego pelas crias, IGNORANDO
O RESTO DA COMUNIDADE, MAS ATENTAS, MILIMETRICAMENTE, ÀS NECESSIDADES DO
RECÉM-NASCIDO.”
“Tampouco contamos com grande ajuda exterior, pois NOSSA
SOCIEDADE DESCONHECE PROFUNDAMENTE A ESSÊNCIA DO BEBÊ HUMANO. Observa-o com
desconcerto, tentando compreendê-lo do ponto de vista do adulto e PRETENDENDO
QUE SE ADAPTE AO MUNDO FUNCIONAL DOS MAIS VELHOS. Esta grande distância entre
as duas “frequências” aumenta a sensação de solidão e incompreensão das mães
recentes.”
"Se recordarmos que o leite materno NÃO É APENAS ALIMENTO, mas, sobretudo, amor, comunicação, apoio, presença, abrigo, calor, palavra, sentido, acharemos absurdo negar o peito porque "não precisa", "já comeu" ou "é manha". Então é manha quando precisamos de um abraço prolongado da pessoa que amamos?"
Após estas reflexões, preciso destacar a importância da REDE DE APOIO, essencial para favorecer uma mulher que quer amamentar. Papai e vovôs também são fundamentais nesse processo. Podem atrapalhar, mesmo sem querer, quando não respeitam a privacidade/sintonia mamãe-bebê, quando palpitam antes de tentar apoiar, quando cobram, quando transmitem ainda mais ansiedade. Por outro lado podendo contribuir grandemente para o sucesso da amamentação quando conseguem transmitir paz e segurança, incentivo de que vai dar certo, ajudar nas tarefas possíveis ao redor. Isso é apoio, e como faz a diferença!!! Todos juntos nessa caminhada, para oferecer o melhor para este pequenino ser já tão amado!
